Este é um miniconto meu do Zine _erro404, editado por um amigo. Vai lá ver a edição inteira, tem conto sujo, diagramação incrível e uns trabalhinhos ó: bons demais: http://issuu.com/motimrecords/docs/erro404_2_issue
VENDINHA
Era uma vending machine, mas ninguém ali falava inglês. Virou Vendinha. Vendinha de refrigerante. A máquina não aceitava dinheiro, era preciso convencê-la para provar do precioso líquido. No início era fácil. Divertido, até.
Ela pedia um abraço.
Ela pedia uma dancinha engraçada.
Ela pedia um beijo caloroso no amigo.
O povo voltava. Uma, duas, cinquenta pessoas, todas querendo mais refrigerante. Vendinha foi ficando criteriosa.
Ela pedia para amigos lutarem.
Ela pedia para casais se separarem.
Ela pedia para matar.
Chamaram o delegado, mas ele também queria mais daquele líquido. Mandou abrir a máquina à força. Nem pé de cabra nem empilhadeira deram conta do recado e as demandas continuaram.
Agora tinha um último pedido, especial. Um suprimento vitalício de refrigerante seria dado àquele que se tornasse o último ser humano na Terra.
Vendinha não era boba. Ela sabia que não ia sobrar nenhum.