Exorcismos, Amores e uma dose de Blues
Eric Novello
Já havia lido um conto ou outro do Eric Novello, e apesar de achá-los bons, não havia encontrado nada excepcional. Talvez ele tenha guardado tudo para esse livro fantástico.
Se o cenário de Libertá ao Entremundos é encantador, com uma sorte muito variada de criaturas, lendas, instituições e personalidades, o autor consegue ancorar muito bem o romance em Tiago Boanerges, um exorcista em busca de resolver cicatrizes do passado.
O único item que eu apontaria é uma afobação no cenário, o que faz com que um remendo enorme de situações e criaturas desfilem uma atrás da outra, sem muitas explicações ou tempo para absorções, ao ponto em que estive completamente perdido pouco depois da metade, para só entender o enredo ao final. Um próximo livro no mesmo cenário provavelmente será mais bem apreciado, agora que as regras estão mais claras.
O melhor livro nacional que li este ano, sem dúvida.
Bônus: Nina Simone e a melhor cena de sexo de 2014.
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Alameda dos Pesadelos
Karen Alvares
Estou indeciso quanto a que comentário tecer aqui.
Por um lado, o roteiro do livro me desapontou. Não sei qual o contato da autora com livros espíritas. Por ser minha religião, achei o roteiro um tanto “arroz com feijão” seguindo os conceitos da doutrina, incluindo o componente moral (talvez como C.S.Lewis tenha feito com Narnia.) Mas esse não é um livro espírita, e talvez essa sobreposição de conceitos tenha sido um acaso.
Por outro, a escrita da Karen é poderosa, direta ao ponto, emocional sem ser piegas. Um romance em primeira pessoa com uma personagem forte, cercada por acontecimentos estranhos.
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Bidu – Caminhos
Eduardo Damasceno e Luíz Felipe Garrocho
Esposa e eu compramos este auto-presente de Natal. Eu já era fã da dupla desde “Achados e Perdidos”, uma HQ bastante singela. Em Bidu, Damasceno e Garrocho trazem uma aventura simples, emocionante, magistralmente desenhada. Os traços são suaves, com uma boa dose de genialidade nos detalhes do cenário e onomatopéias. Comecei lendo pensando que acharia “bonitinho” e terminei quase com lágrimas no rosto. Sim, é bom assim.