Bolo

Hoje cedo, preso em uma situação surreal. No ônibus circular, bastante cheio, uma gritaria animada entre um grupo de mulheres, aparentemente habitués. Era garrafa térmica passando de um lado para o outro, refrigerante, copinho plástico, coxinha, farofa. E mais risadas altas e berros de “Alguém quer café? É benzido! Café, quem quer café?” Tudo isso no trânsito maravilhoso de Campinas, acelera, freia, sobe gente, desce gente, “péraê, vai descer”!

Muitos outros passageiros e eu já estávamos incomodados o bastante, tentando ouvir um podcast sem toda aquela gritaria, tentando chegar ao trabalho com um pouco mais de tranquilidade, tentando atravessar o ônibus sem pisar na garrafa de Sprite esparramada no chão. Pouco antes de descer, a cobradora estava segurando um bolo nas mãos, inteiro e com confeitos coloridos, tudo o que consegui pensar foi “como é que vão cortar aquela coisa?”

Demorei muito tempo para perceber que certas estavam elas.


Publicado

em

por

Tags: