Hoje encontrei comigo mesmo

Hoje encontrei comigo mesmo.

O ônibus chegou, subi, e eu estava lá dentro, do outro lado da catraca. Não eu, eu mesmo, mas aquele outro eu, que há cerca de seis anos escolheu fazer Imagem e Som na Ufscar, ao invés de ter ido pro Jornalismo na Unesp.

Ele tinha barba e bigode, e o cabelo desgrenhado. Os olhos eram um pouco mais fundos, e a mochila de couro, do resto era eu mesmo. Foi estranho. Constrangedor, eu diria: nos reconhecemos, sondamos, mas contiuamos a viagem, ele do lado de lá e eu de cá da catraca.

Tive vontade de ir, perguntar como foram esses anos. Não seria uma boa idéia, eu poderia me arrepender, ou não, sei lá. O grande barato de viver é não saber para onde teria levado aquele outro caminho, para onde teria ido seu outro eu.

Ele não tinha aliança no dedo. E apesar do aspecto largado e cansado, parecia bem consigo mesmo. Por algum motivo bobo, senti-me orgulhoso de mim.

Ele desceu em algum ponto, e a vida continuou seu caminho.


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