Esperava o metrô de havaianas, chapéu de palha e uma camisa rasgada, sentado em silêncio, segurando um velho caderninho azul com as duas mãos, como se fosse a coisa mais preciosa do mundo.
“O Rafa me falou lá do esquema da faculdade, mas é longe, tem que morar fora e tals. Não sei se eu teria coragem de morar fora de casa, tem que ter coragem, né? Eu não tenho.”
“Porque a patroa vem dando bronca achando que é a rainha da cocada preta, eu respondo! Não sou paga pra ouvir isso, respondo mesmo! Tô quase sendo demitida, mas dane-se. O Rogério que me sustente, aquele safado. Acredita que no sábado tava na quadra dando mole pra uma vagabunda, saí no tapa com aquela vagabunda.”
Entrou no vagão, em silêncio, olhando para o chão. Abraçou a mochila. Ignorou os olhares da moça. Se levantou na sua estação, e se perdeu pelo mundo…