Enquanto isso, em uma padaria de Bauru

[Rodrigo] Oi, tem cardápio?
[Atendente] Nem temos, somos só uma padaria, a gente serve uns lanches…
[Rodrigo] Okei, o que tem?
[Atendente] Temos pão, pão na chapa, queijo quente, misto… pão…
[Rodrigo] Eu quero um misto quente e um chocolate quente!

Afinal, era uma noite chuvosa chata de inverno, e eu precisava de alguma coisa quente. De onde estava eu podia ver o caixa, provavelmente o dono da loja, em uma “animada” partida de Paciência.

O rapaz entrou na loja, perguntando por uma rua. Não contente em explicar, foi o caixa até o carro do rapaz apontar o melhor caminho. “E então o senhor faz o balão ali em cima, mas cuidado com os carros que vêm da direita, que ali é complicado, o pessoal voa!”

Um senhor pediu uma bandeja de doces variados. Cheia.
[Caixa] Festinha?
[Senhor] Opa, visita surpresa. A gente tem que fazer um agrado, né?
[Caixa] Claro! Sempre é bom!

A mulher pediu cinco pãezinhos. Depois de contar e recontar as moedinhas, ir buscar as outras no carro, escarafunchar o fundo da bolsa, olhou para o senhor:
[Mulher] Tira dois pães, só tenho 1,20 aqui.
[Caixa] Mas por quê?
[Mulher] Ué, estou sem dinheiro aqui.
[Caixa] O que é isso, a senhora não vai ficar sem os seus pãezinhos de jeito nenhum! Me dá aqui essas moedas e leva os seus pães que está tudo certo!

Outra senhora pediu quatro pães e um sonhos.
[Atendente] Pequeno ou grande?
[Senhora] Pequeno, por favor.
[Caixa] Mas um sonhinho não dá pra nada! Leva logo um sonhão!
[Senhora] Não dá, meus triglicérides estão altos. Vou até que tomar remédio! Eu, que nunca tomei remédio pra essas coisas. A gente se sente velha.
[Caixa] Velha nada!

Eu nem ia levar os palitinhos de chocolate, mas não resisti aos diálogos. O mais engraçado é que lugares como esse parecem que puxam o seu freio de mão. Para quê todo esse pensamento agitado, essa correria? Relaxa aí, toma o seu chocolate. Porque se você não pode aproveitar nem um momento como esses, vai aproveitar o quê?


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