Para a Posteridade

Foto foi tirada pelo Anubis com o celular, na manhã depois de uma festa.

Fotos, vídeos, print-screens, bookmarks, blogs… Já parou para pensar como temos anotado tudo nesses últimos dias para exibir para os amigos e guardar para a posteridade? Sei lá, às vezes acho que estamos virando como essas pessoas que ganham presentes e amontoam em armários. “Não vou usar esse copo, é muito bonito! Vou guardar”.

E os armários vão se entupindo de cada vez mais coisas, enquanto a casa continua cinza.

Tenho medo de entupir o flickr, o youtube, o twitter… E esquecer de viver. Alguém já parou para pensar que os momentos de maior piração, mais emocionantes, mais importantes de nossas vidas quase nunca estão registrados?

As pessoas se casam para terem uma testemunha de suas vidas“, diz Beverly Clark em “Dança Comigo?“. Não gostei muito do filme, mas me apaixonei pela frase. Porque ela ressignifica a pergunta “não é exposição demais?”, que muita gente pergunta para os mais mergulhados nas redes sociais. (orkut, twitter, etc).

Mas e se as pessoas se tornarem testemunhas das próprias vidas? Assim, na terceira pessoa?

Sei lá. Muitos momentos importantes da minha vida foram ressignificados por mim. Não tem foto, não tem vídeo. (Tem música, serve?) O lance é que não importa como aconteceram, mas sim como eu me lembro. Caramba, é primeira pessoa, eu não lembro da minha cara feia e inchada, mas da dor de bater com ela na árvore.

Tenho um amigo que não consegue se sentir muito à vontade em festas… Há muitas câmeras, muitos olhos alheios. Comporta-se reservado como se diante de estranhos.

Confuso isso.

Não sou contra fotos, vídeos, redes sociais. Sou apaixonado pelo vídeo que fiz da minha experiência nos EUA. Este blog mesmo é testemunha de muitas coisas que não tenho onde expressar. Este post mesmo, caramba!

Talvez eu só tenha um pouco de medo de, pegando a câmera na bolsa, perdermos aquele segundo que nos lembraríamos pelo resto da vida.


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