Ônibus lotado em horário de pico não é o lugar mais agradável do mundo. Somando-se ao congestionamento, ao empurra-empurra e aos garranchos do motorista, fica complicado piorar. Mas nestes lugares, onde a morosidade e a indiferença prevalecem, conseguimos pescar algumas preciosidades.
Como o rapaz em pé ao meu lado, roupas sociais agora um pouco amassadas ao final do dia. Com seu fone de ouvido ele sorri. Não para os outros, não para mim, mas para si mesmo. Não canta, não balança a cabeça, só sorri, com os olhos perdidos ao longe. Alheio a todo o mundo exterior, aos empurrões e solavancos.
Enquanto construímos o nosso próprio fim do mundo à nossa volta, a gente vê de longe quem está feliz consigo mesmo.
[Este post está participando da história “pescadores de sorrisos”, do Balaio Branco.]