Estava dirigindo quando um sorriso me chamou a atenção. Não era uma moça bonita, tampouco tinha um sorriso bonito, mas aquele sorriso não a pertencia, mas sim a longínquas lembranças de uma Alaíde forte que perambulava pelo palco em busca de Madame Clessi.
Meu cérebro devaneou, viajou longe, para uma parte de meu passado que guardo com tanto carinho, de um pessoal que conseguiu enxergar através de tudo que eu tentava parecer e me encontrou de verdade…
Dias cercados por um cenário de jornal.
Deitados todos de barriga para cima, uns sobre os outros, em uma sala onde o tempo parecia parar.
O que diria Gabriela se de repente soubesse que eu lembrara dela tanto tempo depois? Que encontrei o seu sorriso passeando perto da faculdade, emprestado a alguma anônima?
Não, aquele sorriso era único.
Único como foram aqueles momentos, aquelas gentinhas tão especiais.
A lembrança de Gabriela materializou-me um tempo onde eu fui nada mais que eu.
Consegui encontrar o quadro no fundo de uma foto minha, está pendurado em meu quarto até hoje. As pessoas certas sabem o que ele significa.