Tem dias que sem motivo algum ela aparece. Sutilmente lança aquela esticada com o canto dos olhos, rasteja lentamente, e quando você menos espera, a tristeza se infiltra, deixando-o cansado e abatido. São coisas da vida, um dia você pula de alegria, no outro tudo o que deseja é mergulhar em algum canto. E nenhuma das duas coisas vêm sempre acompanhadas de motivos.
Nessas horas um banho pode ser de grande valia. Não daqueles rápidos, mas um que tome o tempo que tomar. Abrir a torneira, permitir-se um ou dois graus a mais, sentir a água molhar o cabelo, deslizar pelas costas, dançar pelo corpo todo.
O prazer pode vir de coisas estúpidas. Uma boa bucha barata esfregando o seu corpo revitaliza, esfrega o cansaço embora. Se for homem, aproveitar para fazer a barba com calma, enquanto suas costas são massageadas pela água corrente. Se for mulher, abusar do condicionador só para ter aquela sensação de um cabelo deslizando pelo pescoço, pelas costas, como um beijo carinhoso.
Este banho é um momento solitário. Um prazer de porta trancada, só seu, construído somente para você. Hora de não pensar em nada, esquecer do dia, da noite, do amanhã e do ontem. Não lembrar sequer do agora, apenas sentir a água, mergulhar em sua plenitude, deixá-la fazer o seu trabalho.
Tem dias que parecem cinzas. Mas um momento embaixo do chuveiro pode fazer você lembrar que “somewhere over the rainbow… blue birds fly…“