Crate era um esquilo alto e esguio que ganhava a vida tocando contrabaixo acústico em uma castanheira acabada, bastante freqüentada por alguns pica-paus velhos, além de Johnny, um texugo que em seus tempos áureos esbanjara popularidade. Hoje em dia tudo o que eles queriam era uma boa cerveja e um bom jazz, e uma boa dançarina para alimentar-lhes a memória.
Jack, o rato saxofonista e Mark, camundongo pianista que perdera uma das patas na ratoeira, acompanhavam Crate nos “Ratoes Blues”, músicos freqüentes naquela árvore carregada de fumaça que lhes era tão acolhedora.
Doris havia acabado de ser despejada do quinto emprego no mês. A rolinha tentara trabalhar de atendente do salão de uma doninha, mas derrubara o esmalte sobre os pêlos de uma cliente; depois conseguiu um teste de telefonista na central do joão-de-barro, mas não agüentou a pressão. Agora um casal de raposas quase a jantava por ela ter quebrado um jogo de louças caríssimo. Ela respirou fundo, embora as lágrimas nem mais lhe viessem aos olhos, já estava acostumada à sensação. Abriu as asas e alçou vôo, deixando no solo apenas algumas penas velhas.
** Este conto está participando de um duelo Penas e Espadas contra Volcano, outro integrante da tripulação deste blog. Para continuar lendo clique aqui.
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