Para falar a verdade me decepcionei com a tal Gunflint Trail. Não esperava muito, é verdade, mas queria ao menos uma vista de tirar o fôlego. Na verdade tive uma só, quando estava voltando, e faltava apenas uma milha para chegar em Grand Marais, pude ver o Lago Superior, emoldurado por belas árvores e com a baía da cidade ao centro. Deveria ter tirado uma foto, mas estava dirigindo.
O Bidula foi comigo, conversamos mais na ida, porque ele foi em uma festa ontem e estava um pouco cansado, acabou dormindo grande parte da volta. Falta apenas uma semana e alguns dias para chegar ao Brasil, e não vejo a hora de pousar em São Paulo. Aliás, mais que isso, não aguento mais os Estados Unidos. Sabe quando você está em uma festa e já são cinco horas da manhã, a banda toca o seu último pop-rock dos anos 80, os seus amigos já estão bêbados e tudo o que você quer é que aquele cara que vai te dar uma carona termine de beijar sua ficante para te levar para casa? Então, é assim que eu estou me sentindo aqui, sem mais disposição para mais nada, esperando o dia de voltar.
Ainda vou fazer snowboard amanhã, mas não esperem posts ansiosos sobre coisas americanas e experiências porvindas. Daqui para frente é só saudade e ansiedade para isso aqui acabar. Isso não significa que todos esses três meses aqui não valeram a pena, valeram muito, eu aproveitei sensações e coisas que raramente teria oportunidade no Brasil, eu agora dou muito mais valor a coisas que antes me passavam despercebidas, o que por si só já é uma mudança bem forte. Não sei se as pessoas vão me ver diferente agora, eu espero que não, espero que eu seja o mesmo que eu sempre fui.
Porque, parando para pensar, eu sempre fui quem eu sempre quis ser. (Ok, eu não virei um ultra-saxofonista, nem escrevi quatro best-sellers com quinze anos, tampouco ganhei na loteria, mas fora esses detalhes, não consigo pensar em ninguém mais que eu queria ser senão eu, o que, por si só, já me faz uma pessoa feliz).
Não sei porque estou escrevendo essas coisas. Provavelmente porque estou com vontade de escrever essas coisas agora.
Conheci muita gente interessante, melhorei o meu inglês, consigo assistir filmes em inglês quase sem problema nenhum, fiz bonecos de neve, fiz snowboard, brinquei na neve, trabalhei como garçom, limpei privada suja, esquiei bêbado, dei muita risada, comprei coisas, tirei fotos, mandei cartões postais, comi fast-food. Basicamente, foi isso que eu fiz aqui nos Estados Unidos. Bastante coisa, não?
Abri mão de muitas outras coisas, acho que já escrevi sobre isso. Mas, no final das contas, eu gostei bastante dessa experiência, valeu muito a pena sim!
Esse é o fim da trilha. Ela simplesmente acaba de repente. Estranho, não?
Esse sou eu. Feio, né?
Uma última coisa que eu gostaria: de pedir um favor a todos vocês que lêem esse blog. Eu gostaria de pedir que todo mundo que acompanhou essa viagem, leu esse blog, mesmo se você leu só um post, se você leu todas as linhas, se você só viu as fotos, eu gostaria que deixasse um comentário. Não precisa nem comentar nada, só escreve o seu nome no comentário: “Eu li.” Eu ficaria muito feliz. E isso inclui as pessoas que eu sei que leram, como por exemplo a minha família. Eu tenho curiosidade para saber quem leu essas linhas tortas que escrevi esses três meses.
Abraços! Agora espero ver um monte de comentários “Eu li” aqui embaixo!