Que calor!

Vamos lá, tenho escrito pouco porque os dias aqui têm sido rotineiros, não acontece muita coisa nessa região, temos trabalhando em média sete horas por dia, e a neve só ameaça.

Por exemplo, hoje foi um dia muito quente, fez -5, agora está -3, muito calor! Essa semana a média estava em -15, até um pouco mais frio alguns dias. Ontem nevou um pouco… Hoje nevou pela manhã, e poderia ter nevado o dia todo, se essa água caindo do céu não tivesse virado chuva por causa do calor. Em outras palavras, nevou um pouco, mas aí choveu um pouco e a neve já era… Não tenho certeza quanto ao lodge, mas o restaurante está só tendo prejuízo há algum tempo, tanto que o dinheiro que conseguimos alguns dias não paga nem os custos de mantê-lo aberto.

Aliás, voltando ao modo como terminei meu último post: aquele arroz e feijão tava bom demais! Não sei se era a falta que comida brasileira me fazia, só sei que comi bastante! Conheci também mais um pessoal, já os tinha visto naquele jantar na igreja, mas foi só na terça que tive oportunidade de conversar com eles. Para ser sincero havia estranhado aquele cara da Sérvia quando ele se apresentou no jantar da igreja, assim como eu provavelmente estranharia qualquer um de lá, mas ele é legal. Desconfundindo: Onde eu fui jantar na terça moram um cara e uma moça da Sérvia, além de duas brasileiras. (Nota: Pode ser que eu esteja confundindo os lugares, eu faço isso algumas vezes.)

Na quarta o que aconteceu de mais diferente foi ter sido o primeiro dia que servi sozinho no restaurante, peguei o turno da Amanda. Pena que o restaurante ficou bem vazio, no final acabei passando a tarde inteira caçando moscas, limpando banheiro, preparando salada, e nada de atender clientes… Só à noite apareceram três casais, pouca coisa. A coisa mais bizarra foi a impressora que imprime a conta ter ficado louca e parado de imprimir qualquer coisa depois que eu troquei o papel. Eu liguei para a Amanda para pedir socorro, ela apareceu logo em seguida (Ela e o Michael moram em uma casa que fica dentro do Lodge, lá para cima), entrou, disse, “wrong paper”, explicou que a impressora era térmica e o papel tinha que ser outro, trocou, e tudo voltou a funcionar magicamente. Me senti uma anta. Ela disse: “passa o dedo nos dois papéis, está vendo que esse é mais liso?” Eu disse que sim, mas para falar a verdade não percebi nada não. De qualquer forma, da próxima vez que isso acontecer, se der problema é só pegar o papel da outra caixa. Ahn, uma nota: O Bidula era o cozinheiro nesse dia, então ficamos nós dois dominando o restaurante nos turnos da tarde e noite!

Ontem foi um dia comum, housekeeping de manhã, “chicken breast sandwich” no almoço, o que eu peço 90% dos dias, e de tarde fomos limpar a Cascade House, varrer as cinzas de cigarro que se espalhavam pela casa inteira. Fui no restaurante ontem à noite também, mas fiquei apenas uma hora, estava deserto e fui dispensado. Ainda bem, porque eu estava cansado mesmo, e já tinha conseguido minhas horas fazendo housekeeping.

Chegamos finalmente ao dia de hoje, no qual o Michael me ligou um pouco mais cedo perguntando se eu gostaria de começar antes o trabalho. Bom, agora que ele já tinha me acordado, lógico que eu vou trabalhar mais cedo. Para falar a verdade não foi o esse o caso, porque hoje eu já estava acordado quando ele me ligou, tenho acordado mais cedo para comer cereal e pão com geléia de manhã. Um fato que me alegrou um pouco: fiz um bocado de “arrivals” hoje, aquela checada que fazemos nos quartos quando vai chegar gente para ver se está tudo em ordem, o que significa que o hotel até que vai estar com bom movimento esse fim de semana. E como eu sirvo no restaurante amanhã, talvez consiga pegar bastante mesas.

Hoje o Bidula e eu fomos a Grand Marais, no centro de reciclagem, pois na sexta-feira, naquela loja onde se vendem roupas e coisas usadas a um dólar, eles te dão uma sacola, você a leva por 3 dólares com tudo o que você conseguir enfiar lá dentro. Compramos algumas roupas de lenhador, umas roupas para trabalhar, além de outras coisinhas que encontramos, como um urso para o nosso documentário sobre a vida dos lenhadores. Curiosos? Aguardem e verão!

Estava falando com a Li agora pela internet, dizendo que não tinha muito o que escrever no blog, ela disse para falar um pouco sobre o pessoal daqui. É estranho contar sobre o pessoal daqui, porque eu estou tão acostumado a eles, que nem consigo distinguir mais que hábitos ou costumes são diferentes do Brasil. Acho que eu estou me esquecendo como ser brasileiro, eu até acho estranho quando alguém me cumprimenta com um beijo no rosto ou então com um aperto de mãos.

Não assisto muita notícia por aqui, a minha televisão só alterna entre o 15 e 16, que são o Cartoon Network e o Discovery Channel. Mas às vezes eu pesco alguma coisa sim: O tio Bush está mandando mais soldados para o Iraque, ignorando o alerta de inúmero especialistas que falam que aquela guerra já está perdida, e que esse novo contingente não vai definir um ganhador para nenhum lado, mas só aumentar as perdas.

Não posso falar toda a mídia, mas uma boa parte das notícias e comentários que eu vejo por aqui critica essa postura do Bush, já vi críticas muito ferrenhas vindas de âncoras e homens de peso das notícias americanas. (Os notíciários aqui são mais opinativos que os do Brasil, eles não têm, ou têm muito menos aquela máscara de imparcialidade que a mídia brasileira tenta emplacar) O engraçado é que como os notíciários são mais opinativos, a posição do âncora é, sem dúvida, a mais importante aqui, tanto que muitos jornais levam o nome do jornalista no título. E uma das bandeira mais levantadas pela publicidade desses jornais é a “independência” (o que é um bocado diferente de imparcialidade).

Mesmo com a mídia criticando o Bush e essa guerra, o povo americano é um povo patriota, que gosta de ostentar suas armas e suas novas invenções. Mas uma coisa é certa: eles estão com os olhos bem abertos sobre a China e sobre a Coréia do Norte, já vi especiais sobre armas que simulavam como os EUA se defenderiam de um ataque de mísseis de longo alcance, ou mísseis anti-satélites.

Ahn, o que eu vejo sobre o Brasil nas notícias? Nada. O Brasil não é importante para os americanos. Pelo menos na maior parte do ano, e ainda não…

Último comentário sem importância: Acabei de ver uma banda tocando no Cartoon Network, com várias criancinhas pulando e berrando do lado. Música legal, punk-pop-emo-rock, não consegui pegar o nome da banda… Pensando melhor, ainda bem.


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