De volta à Duluth e à Best-Buy, dessa vez de carro!

Esse post era para ter saído ontem, mas a internet estava tão de mau humor que não deixou eu colocar as fotos. Mas cá está! Esse “ontem” é quinta-feira, dia 18.

Não sei por onde começar o dia de ontem, então, como eu não vou ser indicado para a ABL por esse blog anyway, vou fazer do jeito mais simples que eu conheço: do começo.

Acordamos cedo. Sete horas o nosso despertador tocava alguma coisa estúpida ou então um country meia-boca do Alabama, e pouco depois tomamos um café no restaurante. Panquecas, ovos fritos, torrada, enfim: o típico café-da-manhã gorduroso americano. E armados de documentos para o Social Security, a Câmera fotográfica, e é claro, um mapa e algumas indicações, colocamos o nosso Honda Prelude na Highway 61 em direção Sul, na qual seguiríamos até Duluth.

A única parada foi no posto de gasolina em Lutsen, no qual 22 dólares encheram o tanque, quase vazio. Ida e volta consumiu menos de meio tanque, não consigo dizer quantos quilômetros de distância, foram pouco mais de três horas de estrada no total, por mais ou menos doze dólares… O combustível é bem barato por aqui, assim dá para entender porque americano anda tanto de carro. O pessoal do lodge pega o carro até mesmo para ir do lodge até o restaurante, o que deve dar uns cinquenta metros…

Mas voltando à nossa viagem, o BS de piloto e eu de navegador, e o Bidula de passageiro dormindo, fomos ouvindo aquele CD de música country que já veio com o carro. Nós nem aguentamos mais aquele cd, mas as rádios daqui são péssimas, em todas elas você só ouve o pessoal falando coisas idiotas. Um falando dos presentes que ele ganhou de natal, outro falando do time de hóckey da sobrinha, todos assuntos que me interessam profundamente. Então ficamos com a mulherzinha cantando mesmo.

O country aqui é um pouco diferente do sertanejo brasileiro, é um pouco mais animado, não é aquele berreiro chorão de corno, tem isso também, mas o que o pessoal curte mais são aqueles cowboys com aquele vozeirão e a violinha com notas rápidas.

Voltando à viagem, a paisagem é meio igual até chegar em Duluth, mantendo as 55 milhas por hora, que é igual a uns 90 kmh. Na entrada da cidade eu tomei em mãos os mapas e comecei a guiar o BS pelas ruas de Duluth, na verdade não era muito difícil. Você só tem que prestar atenção que aqui nos EUA as avenidas são 7th N, 6th N, 5th N, e tem também as 7th S, além de provavelmente a “7th E” e a “7th W” (Os pontos cardeais). E como as ruas numeradas se repetem nos diversos bairros, fica fácil se perder em qualquer lugar. Mas chegamos com facilidade na sede do Social Security, estacionamos, e colocamos as moedinhas naquelas máquinas de estacionamento. Cada quarter (25cents) aumentava meia hora no contador. Divertido colocar uma moedinha naqueles negócios de estacionar!

Entramos, subimos ao quarto andar, pegamos a senha e sentamos para esperar. (Pelo menos isso é igual ao Brasil). O BS e o Bidula ficaram se esforçando para não rir de um lenhador que havia lá. (Lenhador, na nossa definição: qualquer ser com uma barba maior que 5 cm que apareça com uma camisa de flanela, listrada ou quadriculada.) Ainda tivemos que aturar um americano metido a simpático que ficava tentando conversar mas era mala para caramba. Pelo menos a mulher que nos atendeu era simpática!

Depois foi hora de tirar algumas fotos, mas devido aos erros de iluminação, ficamos parecidos com backstreetboys ou qualquer coisa parecida, mas é claro que eu vou dizer que isso foi de propósito, porque eu sou mala o suficiente para dizer que eu sei o que estou fazendo mesmo quando eu não faço a menor idéia de para que serve aquele botão na câmera…

Terminada essa parte poser, pegamos o nosso possante e rumamos para a Best Buy, mais para passar algumas vontades do que para realmente fazermos compras. Só que dessa vez errando as avenidas, confundindo as entradas, e dando algumas voltinhas. Ainda bem que a avenida que precisávamos seguir era bem grande, então acabávamos voltando fácil nela, e enfim chegamos à loja dos sonhos nerds.

O Bidula comprou o mp3 player que ele queria comprar para ele, rachamos um tubo de 50 cds por 8 dólares (para escutarmos alguma coisa diferente de country no carro e passar um pouco de música brasileira para os americanos daqui.) Também comprei um fone de ouvido decente, e uma pendrive de 1gb, por 15 dólares cada.

O BS e o Bidula me traíram… Compraram pulseirinhas da Microsoft, do Xbox… Traidores… traidores… Eles… pagarão por esse erro fatal… Aaaaargh!!!

(Pra quem não entendeu nada acima, vou simplificar: Eu sou fã da Nintendo, quero comprar um Wii. O Xbox 360 é o concorrente, da Microsoft. Essas letrinhas aí são video-games.)

Depois entrei pela primeira vez em uma loja da Target, empurrei pela primeira vez um carrinho de supermercado vermelho da Target, entrei pela primeira vez em um banheiro da Target. É uma rede de supermercados, o pessoal diz que é barato. Eu não tenho muita noção de preço por aqui, eu só sei que lá eu comprei umas coisas pela metade do preço que eu pagaria aqui nas lojas de Grand Marais. Mas como lá é uma cidade grande e aqui uma cidade pequena, essa diferença é normal… Talvez não devesse ser tão grande.

Mas consegui achar desodorantes, giletes, cereais, leite, e essas coisas que a gente precisa para sobreviver em qualquer lugar do mundo. Vou tentar melhorar um pouquinho minha alimentação comendo cereal com leite de manhã, já fiz isso hoje, espero fazer isso todo dia. E compramos sabão de lavar roupa, para não termos que ficar emprestando do Matt toda vez que formos lavar as nossas cuecas…

Enfim, depois de lá, estávamos indecisos se comíamos na Pizza Hut, que era ali mesmo, ou se íamos para um tal Shopping que vimos no caminho. Resolvemos ir no shopping, só que ao chegarmos nesse tal shopping, vimos que era mais um supermercado gigante. Então resolvemos seguir viagem porque vimos vários fast-foods ao lado da avenida que pegamos na ida.

E a escolha foi o Subway, uma rede de lanchonetes que serve fast-food que tem gosto de comida fresca, muito bom e barato. E provavelmente mais saudável também, porque os lanches são feitos com queijo, presunto, e outros frios além das verduras, e não com hambúrgueres, e é muito gostoso. Vou abrir um desses no Brasil. (Se é que alguém já não fez isso ainda…) Os turistas aqui acabaram tirando um monte de fotos e ficar fazendo propagandas do Subway. Acho que vou mandar essas fotos para a administração da franquia.

Depois resolvemos seguir direto para cara, queríamos chegar cedo porque à noite teríamos ainda o jantar para intercambistas organizado pela igreja (Free church, uma igreja evangélica local).

E dentro do nosso carinho seguimos de volta para o Cascade, não sem antes fazer alguns vídeos tremidos e tirar algumas fotos que não ficaram muito boas…

E é claro que a gente tem que mostrar para todos a nossa descordenação:

Quase que me esqueço de contar da loja que paramos na cidade seguinte a Duluth. A Valerie, que trabalha conosco, nos pediu para parar lá e comprar um moletom para ela, após nos passar o número, a marca, o nome da loja, a cor, e o preço. (E ainda compramos errado). Mas a graça nessa loja eram as camisetas, quase todas entre 13 e 15 dólares. Algumas eram a minha cara, outras a cara do Bidula, e algumas a cara do BS, tanto que tiramos várias fotos com elas, pra fazer uma graça…

Depois do BS praticamente nos arrastar para fora da loja pegamos a 61 até o Cascade Lodge, sem mais intervalos. Chegamos, descarregamos as compras, tomamos um banho e nos enfiamos novamente no Prelude, e pegamos a Highway, dessa vez com destino a Grand Marais.

Chegamos lá na igreja, depois de errarmos qual igreja que era. (Nos disseram em frente à escola, mas não era bem em frente à escola, era um pouco mais ao lado… Em Grand Marais para ir pra qualquer lugar você só tem que atravessar a rua, é incrível!) E depois de errar a porta certa e entrar pela errada, ficamos surpresos ao encontrar algumas pessoas com quem trabalhamos aqui no Cascade, como a Valerie e o Mark, ou então do Solbakken também. Tínhamos que escrever e colar em nossas blusas etiquetas com os nossos nomes e o nome do país. Mas como só falaram do país depois que eu já tinha colado, fui tentar escrever Brasil de ponta cabeça. B… R… A… Aí eu fiquei tentando lembrar como se escrevia o Z de ponta cabeça, o curioso é que eu nem pensei em escrever com S. Aliás, podia ter feito de qualquer jeito e falado que foi de propósito que teria dado certo.

Enfim, a noite foi bem legal, tinha uma comida bem gostosa e de graça. Na verdade era um jantar oferecido aos intercambistas estrangeiros, o ambiente foi bem amigável e conseguimos conhecer mais um pessoal trabalhando aqui na região. Pena que não foi o pessoal de Lutsen, dizem os ventos que em torno de vinte brasileiros trabalham por lá, mas até agora não vi nenhum sinal da praga.

Pelo menos eu conheci uma menina que me disse que cozinha arroz e feijão todos os dias no almoço, e eu estou ávido por um prato dessa iguaria brasileira! Já estamos combinando um dia para eu matar um pouco da saudade da comida brasileira. Um pouco, porque matar a saudade só quando eu voltar e comer um churrascão com farofa, feijoada e caipirinha… Podem começar a organizar aí, o meu vôo é dia 23 de Março.

Já paguei mico pelo resto do ano inteiro: cantei Ana Júlia. Isso foi pior que o YMCA do ano passado,(opa, não era pra contar aqui), mas o fato é que levamos o violão, e quando o padre viu aquilo pediu para os brasileiros cantarem uma música em português. O BS tocou essa, fazer o quê, a gente canta junto. O Bidula filmou, toda vez que ele virava a câmera para mim eu dava risada. Depois os peruanos (eles sim mais de vinte) cantaram uma música do seu país e os americanos cantaram uma música que devia ser um hino de louvor, ou qualquer coisa assim.

Conhecemos também um cara e uma menina da Sérvia. (Será que é isso mesmo?), e mais alguns brasileiros.

Espera, estou esquecendo a melhor hora da noite: Tínhamos que nos apresentar e falar um pouco de nós, aí quando uma mulher ia falar o padre disse: “Não, você não precisa falar sua idade, viu?”. Ele era meio louco, não era o padre fixo, mas um substituto enquanto estão arranjando um novo. Espera, agora é a melhor parte: uma menina peruana se levantou e disse a pérola: “O meu nome é flor… Mas me chamam de couve-flor!” Quando o Bidula e eu ouvimos aquilo destamos a rir sem parar, sabe quando você está na aula ou em um lugar que você não pode rir, mas você fica vermelho de tanto rir, algo que acaba se tornando contagioso… Ficamos rindo pelo menos uns cinco minutos, já até tinha acabado a apresentação dela e mais um monte de gente se apresentado que nem consegui escutar o nome, estando mais preocupado em tentar parar de rir.

Esse é o BS se apresentando… Não liguem para o descaso do câmera-man, eu esqueci que estava gravando…

No final ainda fomos para o apartamento do Lucas, um brasileiro que a gente já conhecia, para beber umas cervejas. Não, eu não gosto de beber cerveja e nem bebi nada, mas é isso que as pessoas fazem, oras… Ficamos conversando um bocado sobre coisas-que-não-podem-ser-explicitadas-aqui, depois montamos de novo no Prelude de volta para casa. (Sim, eu no volante, o menino bonzinho que não enche a cara)

Assim acabou o meu dia feliz. Foi um dia feliz, à noite bateu uma saudade, que vocês já leram, mas essas coisas acontecem.
Aproveitem aí o Rodrigo cantando Ana Júlia…


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