Saudades…

Hoje foi um dia muito legal, nós acordamos cedo, fomos para Lutsen, resolvemos o social security card, compramos algumas coisas na Best Buy, vimos camisetas legais, falei com minha mãe no telefone, fomos à um jantar de uma igreja para intercambistas, conhecemos muita gente nova, tiramos várias fotos. Mas isso tudo eu conto amanhã, porque está tarde. Agora eu quero falar sobre saudade, esse post vai ser diferente, leia quem quiser. Ele não é para todo mundo, de qualquer modo…

Eu já estava acostumado a ficar longe dos meus pais e dos meus irmãos, e apesar daqui a situação ser um pouco diferente e de eu sentir sim muita falta dos meus pais e dos meus irmão, isso é algo com o que posso lidar. Mas hoje, quando faz um mês que eu embarquei nessa experiência, existe um tipo de saudade que incomoda. Um tipo de saudades que eu poderia dizer que é bom se eu fosse um pouco mais romântico. Mas não é não, é ruim pra caramba, dói.

Serei sincero: antes de deixar o Brasil eu não achei que iria sentir muitas saudades da minha namorada, eu gosto muito dela, mas achei que com a falta de contato e com a distância, acabaria nem percebendo muito a falta dela. Mas eu me enganei. Me enganei profundamente.

Eu me acostumei a ter alguém sempre do meu lado. Alguém para quem eu poderia contar qualquer coisa, alguém que me criticaria por estar fazendo futrica, alguém que me condenaria por pensar mal dos outros, mas o faria com um sorriso sincero no rosto. Deus, como eu sinto falta daquele sorriso. Eu tenho milhares de fotos aqui comigo, mas está longe de ser “just like the real thing”.

Tem dias que passam correndo, tem dias que eu mal lembro que sou brasileiro. E tem dias que tudo o que eu penso é no Brasil, naquela menina linda chamada Lívia, que está me esperando, assim como eu a estou esperando aqui nos Estados Unidos para quando eu voltar para o Brasil. Se eu tenho medo? É claro que eu tenho medo, tenho medo de milhares de coisas, mas sabem do que eu mais tenho medo? De mim mesmo. Tenho medo de que eu bote tudo a perder de uma forma estúpida.

Se tem uma coisa que eu percebi aqui no exterior é como eu amo aquela menina lá do Brasil. Tenho conversado com alguns brasileiros que também estão fazendo intercâmbio aqui na região, alguns deles têm namoradas, eles dizem que sentem falta de sexo e de bocas, mas isso é fácil de resolver, essas coisas se encontram por aqui. Eu sou diferente, aliás, eu sempre fui diferente. Eu sinto falta das nossas mãos entrelaçadas, sinto falta daquele sorriso, sinto falta daqueles dias que ficamos deitados abraçados no sofá da sala até tarde olhando para uma televisão desligada conversando… Do que eu realmente preciso eu não vou encontrar aqui, eu vou ter que esperar mais dois meses. Mas dói.

Não quero fazer um balanço nesse um terço de viagem, mas ela tem me ensinado milhares de coisas: a mais importante delas: Não vale a pena sair do seu país e deixar para trás as pessoas que você ama por dinheiro nenhum. Antes de eu vir, muita gente duvidava que eu voltaria para o Brasil depois desse tempo aqui. Eu tenho cada vez mais certeza que não saio mais daí. Não quero que as pessoas entendam errado, eu mudei completamente a minha opinião sobre o povo americano, acho até os EUA um ótimo lugar para se trabalhar e morar hoje. Mas não acho que valha a pena uma vida sem aqueles a quem se ama, então, se for para sair do Brasil, eu saio acompanhado.

Não quero preocupar meus pais, ou as pessoas do Brasil com esse post, eu não vou voltar para o Brasil amanhã de tanta saudade, é só algo que de vez em quando bate mais forte que o normal, e que você tem que colocar pra fora de alguma forma, e eu agora faço uso desse blog para isso…

Mas é que tem noites que tudo o que eu queria era um beijo de boa noite…


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