Brinquedinhos novos

Não fomos no Papa Charlie ontem. Não sei direito por quê, só sei que depois que eu saí do banho e estava de roupinha trocada eles falaram que não iam mais… Que coisa!

Hoje é um dia particularmente feliz. Não começou muito bem com a minha cara de sono oito horas da manhã no restaurante, hoje foi a primeira vez que servi café da manhã, mas acho que vou pegar bem mais rápido do que o jantar, porque é uma refeição só, não aperitivos e entradas e depois sobremesas, cafés e tudo o mais. O mais difícil é lembrar de como as pessoas querem os ovos, entender o que elas querem dizer, e lembrar de perguntar o tipo de pão ou torrada. Fora isso é fácil. O restaurante não estava movimentado, por isso acabei atendendo somente três mesas, mas o suficiente para ganhar uma gorjeta meio gordinha para café da manhã, ainda mais para apenas cinco horas de serviço. Mas que é realmente difícil entender cliente que acabou de acordar com voz enrolada de sono, isso é!

O restaurante estava tão pouco movimentado que desmontamos a árvore de natal de manhã. Amanhã trabalho sete e meia, vai ser o dia que terei de levantar mais cedo desde que cheguei aqui.

Mas a parte divertida do meu dia começou quando saí do trabalho: assim que cheguei no quarto o BS tinha arrumado um violão, e o Bidula uma bola de basquete! A gente subiu para a cesta que tem lá pra cima aqui no Lodge, o problema é que embaixo dela tem gelo meio derretido, então só demos uns arremessos e paramos. Também porque o Bidula estava de bermuda (o.O) e estava ficando com frio na perna.

Agora há pouco estávamos tirando algumas músicas violão e piano, estava divertido.

Hoje o Matt nos levou para Gran Marais logo após o almoço, para dar uma volta mesmo. Fomos primeiro no ginásio, tinha não duas, mas seis cestas de basquete penduradas! Onde que no Brasil nós encontramos isso? Também vimos que a quadra é aberta à comunidade nas quartas e domingos, talvez vamos jogar um pouco nesse domingo.

Depois de comprar porcaria no supermercado, aliás, depois de eu comprar porcaria no mercado, porque o Bidula e o BS compraram frutas e eu bolacha, o Matt nos disse que havia um hotel que sempre abrigava os estudantes estrangeiros ali perto. Não deu outra, fomos até lá perguntar. E adivinha só: encontramos os brasileiros de Gran Marais! Aliás, pelo menos dois deles, além de várias pessoas do Peru. (Essa época do ano só é possível contratar gente da América do Sul, pela coincidência das férias). Pegamos os e-mails de todo o pessoal, trocamos uma idéia, mas foi rápido, porque estávamos de favor com o Matt, e não queríamos deixá-lo esperando muito tempo. Eles nos convidaram para a festa de aniversário de uma das meninas peruanas, na quarta-feira. Mandamos um e-mail para eles agora há pouco, para manter contato. Ainda não conseguimos caçar os estrangeiros de Lutsen, mas estamos planejando isso também. Há, somos seis brasileiros (até agora), e mais um monte de peruano, acho que uns dez, se não me engano. Aliás, se não me engano tinha gente da Argentina naquele grupo também.

Agora temos um problema: transporte. Vocês já devem ter me ouvido reclamar que estamos presos aqui, que não temos como sair desse hotel, mas depois de conhecer o pessoal parece que essa sensação se acentuou. O BS está meio mal hoje, por causa disso: “Eu estou vivendo em um quarto de 20 metros quadrados, sem contar onde eu trabalho. Nós estamos aqui há só duas semanas, vamos ficar aqui três meses. Se eu não arrumar um jeito de sair daqui eu vou enlouquecer!” Eu concordo com ele. Ter conhecido o pessoal foi como se uma outra realidade abrisse para a gente, que existe algo mais para ser feito além de jogar sinuca depois do expediente. Vamos conversar meio sério com os nossos empregadores, ser franco com eles sobre isso, pedir pelo menos para nos ajudar a conseguir alguma coisa, ou se alguém pode nos alugar um carro.

O carro do Michael, que estávamos pensando em comprar, não estava licenciado, então nem encanamos, estávamos esperando ele ver quanto custaria arrumá-la, para ver se comprávamos ou não. Mas ele já foi vendido hoje.

O motivo principal de eu ter vindo para cá não foi o dinheiro, já havia feito as contas antes e percebido que eu não ia ganhar muito e talvez nem pagasse a viagem. Eu vim porque eu queria ter uma experiência fora do Brasil, e eu quero que ela seja completa, não quero passar três meses enfiado nesse hotel. Eu quero sair também, conhecer um pouco da região, ir esquiar, ir a festas, coisas que são imprescindíveis para que eu possa vivenciar a cultura desse lugar.

Estou feliz hoje, porque agora temos uma bola de basquete e um violão para nos divertirmos… Ao mesmo tempo que me sinto como um ratinho em usa pequena jaula com seus brinquedinhos novos…


Fotos de Gran Marais que tirei ontem, e não hoje.
Essa é a super pick-up aqui do Cascade, que a gente usa pra carregar lenha (nesse dia recicláveis). Ela não tem freio de mão, por isso o pessoal desce o removedor de neve no chão para segurar o bichão parado.


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