O último dia de 2006

Muito trabalho nessa virada de ano! Vou começar escrevendo por onde parei, ou seja, no último dia do ano de 2006.

O dia começou com um tanto de housekeeping para fazer, como todos os outros dias. Com um pouco de Happy Birthday para o B.S., pois ele completava 22 anos nesta data. Justamente por isso, ele e a Wendy pagaram pizza para todos nós no almoço. (Saudável…) Depois eu falo das mulheres da limpeza aqui. São quase todas meio doidas, falando e fazendo milhares de piadas com tudo. O Bidula acha tudo isso bem engraçado, quanto à mim, me sinto um pouco alheio à tudo isso… Acho que sempre fui assim.

O Michael havia viajado para passar o ano novo em Minneapolis, então a nossa “chefe” era a Gina, aquela mulher que não consegue ficar 10 segundos sem falar. Mas tudo correu bem, com exeção de que tudo era feito muito mais lento. (Como elas ganham por hora, parece que aproveitam para ficar lerdear quando o chefe não está olhando.)

Tentamos chamar o Bidula para almoçar pizzas com a gente, mas ele estava bastante ocupado no restaurante. Mais tarde ele me explicou que como eles esperavam um movimento enorme naquela noite, as duas cozinheiras estavam fazendo preparativos para a noite, enquanto ele estava fazendo os pratos dos clientes do almoço.

O housekeeping acabou em torno de três horas da tarde. Aproveitei para dormir um pouco, para estar bem acordado para a hora do restaurante, aquela hora que estaria lotado! Tão lotado que chamaram nós três para trabalharmos lá. O B.S. foi às quatro, eu fui às cinco, como estava agendado. Esperando encontrar correria, vi o restaurante às moscas. Nenhuma mesa ocupada.

Uma coisa que esqueci de contar: Choveu muito nesse dia. Não nevou, não estava frio o suficiente, mas ficou caindo uma chuva ininterrupta, não muito forte, mas mais pesada que um chuvisco, por toda a manhã! Tanto que o housekeeping foi um saco, porque eu fiquei com a parte das cabines, então eu tomei chuva pra caramba, e é frio tomar chuva a 0ºC, ainda bem que eu não fiquei gripado. Mas enfim, o pessoal ficou preocupado que toda essa chuva virasse gelo se a temperatura abaixasse muito. A temperatura abaixou um pouco, não transformou tudo em gelo, mas o suficiente para abaixar a velocidade de segurança para em torno de 45 km/h. E nessas condições o pessoal daqui desiste de sair de casa.

Por isso, de volta ao restaurante, que a noite foi péssima, tínhamos um esquema armado de quem ia ficar com qual parte e tudo o que conseguimos foi umas cinco ou seis mesas, no máximo, eu mesmo acabei não pegando nenhuma delas, o que significa nada de tips. Foi meio chata essa situação, mas, fazer o quê…

Pelo menos teve festa de aniversário do B.S. lá, a Judy fez um bolo pra ele, cortamos e cantamos Happy Birthday, esse foi o primeiro aniversário americano que ele teve.

Da esq p/ dir: Judy, Sonia (se pronuncia sónia) e Mareen (a chefe). O resto vocês já sabem.

Ainda bem que o Bidula ficou enchendo pra eu levar a câmera pra tirar foto do ano novo brasileiro, que aqui foi as 8 horas, apesar de eu ficar falando para ele que nem teríamos tempo de tirar essa foto porque estaríamos atolados de trabalho. Deu para tirar as fotos do aniversário do B.S. e também do ano novo brasileiro. Sim, nós comemoramos o ano novo às oito horas, pelo menos com a foto.

Bom, era sete e meia quando decidimos comprar um champagne. Pedimos pra Judy quanto custava a garrafa. Ela disse: “Quer saber? Eu vou comprar uma garrafa para vocês!” A nossa intenção era abrir as oito horas, no ano novo do Brasil, mas a nossa chefe virou pra gente e disse: “Vocês não vão abrir essa garrafa enquanto estiverem trabalhando, né?” Opa… Por isso ela ficou bem fechada até a meia-noite, quando vocês viram o vídeo no post anterior.

Tem uma parte complicada de fazer uma viagem dessas que eu tô fazendo. É que em dias como Natal e Ano novo, quando você se dá conta de que está longe das pessoas que importam pra você, que você se sente solitário. Sim, eu tenho o Bidula e o B.S. aqui, mas é uma situação diferente. Eu estava realmente triste umas dez horas da noite, me sentindo abandonado. Aí eu abri o e-mail, não tinha nenhuma mensagem nova, abri os blogs não tinham nenhum comentário, abri até o Orkut, que eu não entro nunca, e nem um scrap apareceu por lá. Eu sei que eu não mando e-mails e mensagens pras pessoas, mas é que eu estava me sentindo abandonado, e depois que eu abri tudo aquilo e não tinha nada, eu realmente me senti abandonado. Nessas horas você sente uma saudade meio irracional, parece que você precisa que as pessoas se lembrem de você, meio que um medo de estar sumindo por estar longe. Isso não deve fazer muito sentido aí pelo Brasil, mas aqui faz.

Todo mundo falou que ia ter horas que você ia estar triste. E isso acontece de verdade, não é algo fácil de se lidar, pois apesar disso fazer parte dessa experiência toda, e de contribuir para o crescimento pessoal, de repente tudo o que você quer é estar em uma sala com seus pais, seus amigos, sua namorada. Você não sente falta de um abraço, de um beijo, mas de estar com eles, da sua presença física. Tanto que eu cheguei a quase brigar com o Bidula aqui quando estava meio mal aqui e ele começou a me encher… Acabei saindo bruscamente do quarto, indo pra sala, mas eu me acalmei e tudo voltou ao normal. Como eu disse, e provavelmente vou acabar repetindo milhares de vezes, saudade é uma coisa estranha.

O lado bom de tudo isso é que você passa a dar valor a tudo isso.

Bom, depois disso o ano novo vocês já sabem como foi! Ahn, olha aqui a foto que a gente tirou, parece que a gente estava em uma baita balada!

Depois que a gente experimentou aquelas cervejas ruins, acabamos indo dormir, acho que não era nem uma hora ainda. Ainda mais porque precisamos trabalhar no dia primeiro, e nesse dia havia muito trabalho a ser feito, porque quase todos os hóspedes do hotel estavam saindo.


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