Esse foi outro dia daqueles! Bom, vocês sabem que ontem fiquei escrevendo até meia noite e meia, por isso quando fui dormir os outros dois já estavam apagados. Então eu deixei um recado para o B.S. deixar o despertador para as 8 horas, já que ele teria que acordar as sete para ir ao restaurante.
Era 8:50 quando o Michael Jr me telefonou dizendo que me levaria até o Soubakken às nove. Troquei de roupa tão rápido que deu até tempo de engolir uma bolacha e um copo de leite antes de aparecer lá fora. O Bidula pegou uma carona também, apenas para dar uma volta, porque eles precisavam apenas de um ajudante lá. O Soubakken é um outro resort controlado pelo Michael O’Phelan, dono do Cascade Lodge, onde estou trabalhando.
O Michael parou em umas lojas antes, precisava comprar vodka. E enquanto lá ia ele, o Bidula comentou comigo que não estava conseguindo se divertir como em Holambra. Se não me engano isso é um sintoma de que ele sente saudades de casa. Eu também, aqui a rotina é diferente, as pessoas são diferentes, a comida, é tudo outra coisa, você sente a toda hora fora do seu ambiente. Eu estou mais acostumado a me adaptar fora de casa, acho isso vai ser mais difícil para ele… Mas saudade é uma coisa com a qual é difícil de se lidar, tanto a sua quanto a alheia.
Enfim, Soubakken. Conheci a Amy, aquela que teria nos buscado em Duluth quando chegamos. Depois eu conheci o “Él” (Não faço a menor idéia de como se escreve o seu nome, eu só pensava na pronúncia da letra “L” em inglês para chamá-lo que dava certo, por isso vou chamá-lo aqui de L). O L é um cara que parece ter saído de um filme do Monty Python. Alto, magro, de camisa xadrez e um bigode enorme, você pode tomá-lo tanto como um general fora de contexto quanto um técnico encanador. Saído de Nova York, é detalhista para fazer as camas. “Eu saí de lá porque eu gosto daqui. Lá as pessoas dirigem como loucas, as cidades não são um bom lugar para se morar.” Ele deve frequentar bastante sua igreja, pois enquanto conversávamos, acabei perguntando como fazia para arrumar algo pra fazer no ano novo. “Você pode ir na Igreja, lá você faz amigos, eles sempre arrumam coisas para fazer.” Sujeito legal, me disse que um igreja em Grand Marais serve macarrão para todos os estudantes estrangeiros que trabalham na cidade um dia por mês. Apenas preciso descobrir agora que dia é esse, e arrumar um transporte para aparecer lá.
Apesar de menores, achei as cabanas do Soulbakken muito mais aconchegantes, sem falar que quase todas têm vista para o lago. Que lugar para passar pelo menos um dia de lua-de-mel! Se algum dos leitores desse blog se casará em breve, anote aí essa sugestão, Solbakken, em Lutsen!” Os lençóis do Solbakken são coloridos e diferentes um dos outros, assim como as toalhas, que têm padrões e até desenhos, o que dá uma sensação de lar àquele lugar, ao contrário do Cascade, em que as toalhas e lençóis são brancos alvejados em série. Lá fiz a mesma coisa que faço no Cascade, arrumar cama, limpar banheiro, limpar lareira, passar aspirador em tudo… Até que demorou, porque além das cabanas pequenas tem uma casa lá para alugar, e essa sim era bem grande! Uma hora precisávamos levar o lixo até a reciclagem e para isso precisávamos do carro. Aliás, O carro: Um subaru 93 4×4. Quem olha as portas enferrujadas, a frente amassada e o farol caído não dá nada para aquele carro, mas ele é potente. E o L me deixou dirigir! Muito louco! Ainda mais que nessa hora estava nevando, nunca havia dirigido na neve! Depois de levar o lixo de um lado para o outro dentro do Solbakken, ainda pegamos a rodovia até uma das casas que eles alugam. Já posso dizer que dirigi na rodovia dos EUA. Com neve, ainda por cima!
Foi estranho quando eu olhei pela janela e vi os floquinhos brancos caindo do céu. É muito bonito, eles caem um pouco mais devagar que água, e são muito mais leves, tanto que saímos várias vezes enquanto estava nevando e nem fiquei molhado. Mas o chão adquiriu uma cobertura branca de um dedo por todos os lugares! Pena que está quente (0ºC), A Mareen disse que essa temperatura não segura neve, ela já está derretendo. Não tive tempo de tirar fotos hoje, e se não nevar essa noite, amanhã tudo volta a ser como era antes. Mas neve é um espetáculo lindo mesmo, é uma pena que o seu corpo sofra tanto em uma temperatura muito baixa para você poder apreciar esse presente que cai do céu em flocos.
Enfim, terminada a limpeza, a Mareen (Esposa do Michael, mãe do Michael Jr) me trouxe até o Cascade, no caminho ela comentou que a Val contou pra ela que minha casa em Bauru foi assaltada, ela ficou realmente impressionada. Ela também me disse que tocava saxofone no ensino médio. Sobre essa história do assalto não tenho tanta certeza se aqui é tão diferente assim, pois a Amanda (outra garçonete da noite) comentou que aconteceu a mesma coisa com o primeiro apartamento em que ela morava. Como esse pessoal conversa! Eu só comentei com a Val e com o Tom, que estavam no Office no horário que eu precisei ligar para o meu irmão sobre isso, e hoje todo o resort sabe desse roubo! Se eles soubessem português eu ia começar a desconfiar que está todo mundo lendo o meu blog!
Era três e meia quando cheguei aqui no Cascade, eu ainda não havia almoçado, e era para estar às 3 no restaurante. Troquei de roupa e fui lá almoçar e ficar por lá de garçom. Sim, eu comi batata-frita de novo, vou tentar evitá-las amanhã. Hoje o dia não foi tão agitado quanto ontem, mas até que teve o seu movimento. Atendi algumas mesas, primeiro um casal no qual o marido ficava fazendo piada sobre tudo. A pior foi quando falei que era do Brasil (Sim, perguntaram, é claro, todo mundo pergunta. Tô começando a achar que o meu sotaque é bem carregado por aqui.) Voltando, quando falei que era do Brasil, ele disse “Brasil começa com “Bra”, certo?” (“Bra” aqui é sutiã) Sorria e acene, sorria e acene… Casal gente boa. Ela levou 2 minutos para decidir, ele precisou de mais quinze para pedir o mesmo. E depois, comeu sua refeição em provavelmente cinco vezes mais tempo que ela. (Nota que só o pessoal de Bauru vai entender: O cara é parente do Oasis, com certeza).
Também atendi dois pais e uma filha, refeições normais, fáceis de levar. Ainda bem que ninguém pediu sopa hoje, sopa é muito difícil carregar… Já consigo levar 4 refeições na bandeja, mas eu derrubo tudo se tiver 2 potes de sopa.
E então veio a porrada: uma mesa com seis jovens. E foi aí que ferrou. Apesar de eu ter tomado o cuidado de anotar as refeições na ordem da mesa, não é facil, acabei trocando um dos molhos, esquecendo uma das sobremesas, mas eu sobrevivi. Não sei se está agendado para eu trabalhar no restaurante amanhã, eu olhei, mas não me lembro.
Estou feliz hoje, colocaram wi-fi no hotel inteiro, agora posso acessar a internet no meu quarto à qualquer hora do dia e da noite, não vou mais ter que fazer aquela gambiarra… Agora só preciso arrumar uma hora do dia em que ninguém esteja dormindo no Brasil.
O Bidula tomou banho hoje. Fazia três dias que ele não fazia isso…
Eu estava ouvindo Natsukage (é uma música de anime) enquanto escrevia esse post. Bateu uma saudade de várias coisas. De quando eu ficava assistindo anime em casa em Holambra. De quando eu ficava assistindo anime com a Lívia… De quando eu ficava mandando música de anime pra ela… Saudade é uma coisa estranha.
Ahn, e arrumei um segundo rádio-relógio pra não precisar acordar em 5 minutos.